Jamelle Aires '

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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Modelo de repressão ao tráfico no Rio é mais eficaz que colombiano ou mexicano, diz analista




Doutorando da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, Lessing está desenvolvendo um estudo comparativo sobre as dinâmicas de violência no Rio, no México e na Colômbia.

Tanto Rio quanto México têm políticas contra o narcotráfico em andamento, mas enquanto a cidade brasileira vê avanços, no México a escalada de violência é contínua desde o início da campanha do governo de Felipe Calderón contra os cartéis locais.

Em entrevista à BBC Brasil, Lessing considera que a repressão incondicional adotada no México incentiva os criminosos a agirem com maior violência.

Enquanto isso, a política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio, que busca eliminar o domínio do tráfico armado sobre favelas, estimula traficantes a não optarem pelo confronto ao direcionar a repressão aos traficantes que usam violência.

Lessing apresentou alguns resultados de sua pesquisa em um seminário no Instituto de Estudos da Religião (Iser), no Rio, na quarta-feira.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

BBC Brasil: O que os dados do Obivan indicam de diferença nas dinâmicas de violência no Rio, no México e na Colômbia até agora?

Benjamin Lessing: Um resultado que já ficou muito claro é que cada país tem seu modo de violência mais característico. No Rio, é combate, é tiroteio. Isso tem a ver com a territorialidade do tráfico aqui, com a necessidade de defender um território realmente físico (as favelas), e também com as ação policiais.

Também se vê violência pública, como queima de ônibus, fechamento de comércio, mas é pontual. Acontece quando alguma política pública está em jogo, como uma política carcerária, uma eleição ou a própria política das UPPs, que foi motivo dos ataques de 2010.

Já na Colômbia você tem a característica dos carros-bomba, dos ataques terroristas e dos assassinatos. O tráfico lá não era tão territorial. E no México acho que é um caso misto. Como há uma fragmentação dos cartéis no México, você vê uma pluralidade nos formatos de violência, e uma predominância de ações para mandar sinais, deixar recados. É uma violência muito gráfica, muito propagandística, que envolve cortar cabeças, mutilar os corpos, deixar os corpos em via pública.

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